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Foto do escritorLuciana Garcia

Aquele do Curso de Modelagem

Atualizado: 30 de jul. de 2020




Eu adoro moda. Sempre gostei de ter coisas exclusivas e inventar minhas próprias roupas. Desenhava uma peça e mandava fazer. Até que decidi um dia cursar modelagem. O ano era 2013 e eu já estava familiarizada com a máquina de costura, pois tinha feito um curso de bonecos de pano um ano antes. Meu respeito pelas costureiras, profissionais de modelagem e gente que faz roupa de maneira geral, cresceu muito! Não é mole fazer um desenho, transformar aquilo em moldes, dar caimento... atrás de cada roupa que há no seu armário, há uma história de muito trabalho e engenharia por trás dela.


Minha vida toda, sempre tive uma grande frustração ao comprar roupas, pois tenho os quadris muito largos e a cintura muito fina. Nessa hora, uma “vozinha” dentro da sua mente tá falando: Ah, Luciana, mas esse é o sonho de todo mundo! E eu te digo: sabe como

é viver esse sonho? Na prática, você nunca compra uma calça sem ter que levar pra fazer ajuste. Não existe a possibilidade de sair duma loja vestindo já a calça nova (tipo uma criança quando compra sapato) sem que ela tenha elastano. Pra você entender melhor, vou colocar de outra forma. Se eu estivesse comprando uma calça jeans e me perguntassem: que número você veste? Eu diria: cintura 36, quadril 40 e pernas 38. Sacou a frustração?! Isso não tem no mercado. E o pulo do gato está em entender isso.


Hoje, eu compro roupa 40, 42... G... chego em casa e tiro a etiqueta! Porque aquele número que está ali na peça, esse número não diz nada sobre mim. Ele diz sim sobre o fabricante da peça.


Quando eu era adolescente, eu me sentia muito mal quando entrava numa loja e a roupa com a numeração que eu estava acostumada a usar não servisse... Ia pra casa me sentindo gorda, inadequada, fora do padrão, pensando no que eu poderia fazer pra perder mais peso –

e eu nunca me achei de fato gorda.

Ia tirar gordura de onde?! Talvez esse desconforto todo tenha me estimulado

a querer entender mais sobre o que me veste bem, e a fazer coisas que valorizassem o meu corpo.Nesse curso de modelagem, descobri que não existe um consenso sobre numeração de roupas. Cada fabricante decide a sua padronagem e numeração. Então se numa marca você veste 44, na outra poderá vestir 46 e tá tudo bem... porque isso não é sobre você! As marcas, infelizmente, precisam criar seus padrões e escalas para produzir em série... talvez você (e eu) sejamos tão únicas, tão exclusivas, que fazer uma roupa que atendesse ao nosso corpo específico significasse trabalhar para um mercado de 10, 20 pessoas, entende?! Isso não dá lucro! E claro que tem empresas no mercado interessadas no seu desconforto com a numeração que você veste. Isso abarrota as academias, cursos online de nutrição e dietas, fórmulas milagrosas para emagrecer e uma lista infinita de outros produtos!


Focar em culpabilizar o mercado, a indústria da beleza, etc, não é legal. Simplesmente porque não é legal pra você. Não te traz benefício, não te leva a lugar nenhum. A menos que você tenha interesse em fazer disso uma profissão, não foque no lado negativo da coisa. O importante é entender que não há padrão. O seu corpo é uma grande (e linda) impressão digital. Você só vai se enxergar numa capa de revista, o dia em que você mesma for a capa da tal revista. Seu corpo é único na sua beleza e nas suas imperfeições. Sem imperfeições, seríamos incapazes de enxergar a beleza. Na verdade, ela sequer existiria. E as roupas, elas devem ser nossas amigas. Roupa boa é aquela que te deixa bonita. É aquela que valoriza o que você tem de melhor e ajuda a mostrar a sua essência. “Ah, mas eu queria ter o corpo da Jennifer Lopez”. Olha, eu lamento te informar, mas

o corpo da Jennifer Lopez já é dela, essa vaga já foi preenchida. E a que preço?


Então se você realmente quer melhorar a si mesma, o que posso te dizer é que trabalhe para ter o SEU melhor corpo. Use isso a seu favor. Seja você, com o seu estilo, com o que te valoriza, com o que te faz bem. Na moda, tudo muda o tempo todo. Na renascença, as magrelas eram desprezadas. Agora é o oposto. Porém não podemos escolher em que época nascer. Mas podemos escolher ficar de bem com o que temos e usar isso da melhor forma possível. E hoje, aí estão tantas mulheres deslumbrantes que nos mostram isso

o tempo todo. Gaby Amarantos, Fabiana Karla, Claudia Raia, Monique Alfradique, Marieta Severo, Tais Araújo, e tantas outras... cada uma com o seu estilo, com o seu biotipo. Fazendo do que a natureza lhes deu o melhor que se pode fazer: amar a si mesma. Não há padrão! Hoje eu entendo, aceito e me acolho. Espero que você possa entender isso também. Se fez sentido pra você, compartilhe esse post e comente aqui embaixo, pra ajudar mais e mais pessoas. : )



Fotos: Patricia Serna, Wlademar Brandt


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