Pisquei o olho e pluft! – quase um mês sem postar novidade por aqui. Moderninhos de plantão diriam que estou sumida. Mas continuo aqui, trabalhando bastante e construindo diariamente uma nova ideia sobre quem sou eu. Quero (quero não; devo, preciso, necessito!) confessar que essa velocidade do digital é uma máquina de moer gente
e promover angústia em quem produz conteúdo. Em quem só consome também. Mas quando estamos aqui, de corpo e alma atrás de uma tela luminosa dispostas a falar sobre o que mais dói na alma, sobre as nossas expectativas sobre as expectativas dos outros,
é muito duro ser constante.
E é duro porque constância não é uma coisa que faz parte da vida assim como café preto faz parte da sobremesa depois do almoço. A vida é contingente e nessa brincadeira de cada dia acontecer uma coisa, de cada dia você acordar de um jeito diferente, é muito desafiador manter a constância até mesmo no que você faz por prazer. E vamos combinar: a gente já tem coisa suficiente na nossa rotina, né?! Por este motivo, eu to num momento que decidi que não vou ser mais dura comigo mesma, já passei da minha cota. Durante muito tempo, eu me cobrei demais, eu criei expectativas demais sobre a minha capacidade de realização. O resultado? O resultado foi que sim, realizei muitas coisas, mas por outro lado, paguei um preço altíssimo por isso.
E o que isso tem a ver com autoimagem? Tudo!!! A forma com que eu enxergo a mim mesma afeta brutalmente o meu trabalho e a minha capacidade de produzir e criar. Queria trazer isso hoje porque muitas vezes, olho para o meu próprio trabalho (fazendo o esforço de olhar como uma pessoa de fora), e penso: meu Deus, ela não para de trabalhar, é uma máquina! (E sim, ouço muito isso de pessoas próximas, não é uma abstração total da minha cabeça). Mas ao mesmo tempo em que passo essa imagem maravilhosa de eficiência, lido com a frustração e o desejo de querer me dedicar ao ócio tempo suficiente para emergir dele com uma ideia fantástica. Isso na absoluta maioria das vezes não acontece. Geralmente meu breve ócio é interrompido pela urgência das tarefas cotidianas, pelo trabalho ou pela minha impaciência de me dedicar a ele. Essa imagem de mulher maravilha que eu passo para outras pessoas, é algo que eu mesma vendi pra mim. Eu acreditei em algum momento ser essa mulher - e é muito cansativo sustentar essa imagem.
Quando eu era pequena, ficava olhando os desenhos de super heróis e pensando que devia ser muito chato ter que vestir a mesma roupa o tempo inteiro, por mais legal que fossem seus super poderes! Rs... Transportando isso para os dias atuais, para questões da vida adulta, essa analogia cai como uma luva. Às vezes a gente precisa SIM dar um tempo pra cabeça, fugir do cronograma, perder um compromisso, dormir no meio do filme, enfim... se permitir. Tão importante quanto isso é parar de usar a régua dos outros. Não há, em toda face da terra, melhor lugar como a internet para mostrar pra você o quanto você está atrasado, o quanto você é insuficiente, o quão irrelevante é a sua vida na agenda universal diária. Fico o dia inteiro rolando tela e achando a minha vida uma merda. Por isso recomendo, a mim mesma, inclusive, parar o máximo possível de olhar a vida alheia nas redes sociais. Mas com esse afastamento do celular para não me contaminar com esse conteúdo, acabo também deixando de criar e postar coisas para combater essa lógica absurda. E assim eu sigo, e assim caminha a humanidade: nessa constante, como diria Milan Kundera, Insustentável Leveza do Ser. Mais do que trazer alguma solução pra sua vida, hoje venho aqui pedir uma para a minha. Como resolver esse dilema? Diga pra mim que você também passa por isso (claro que passa, nem adianta disfarçar que eu sei).
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